RIO – Telões com informações críticas. Pessoal selecionado especialmente para o evento. Monitoramento em tempo real. E acesso restrito. Empresas de diversos segmentos montaram uma verdadeira operação de guerra para elevar as vendas durante a Black Friday. Numa maratona que se estende madrugada adentro, equipes reforçadas trabalham sem folga. De olho na data, que deve gerar negócios de cerca de R$ 2,5 bilhões neste ano, de acordo com estimativas da e-bit. Gigantes do varejo e do comércio eletrônico como Via Varejo, Oi, Samsung, Cielo e Rede estão investindo pesado, e em alguns casos pela primeira vez, na criação de centros de comando para agilizar a tomada de decisões.
As empresas de tecnologia que desenvolvem esses sistemas estão pegando carona na tendência e aproveitando para lucrar com o desenvolvimento de plataformas que monitoram em tempo real o volume de estoques e até o desempenho das campanhas de publicidade pela internet.
Para Alexandre Amaral de Moura, diretor da Contex, empresa que desenvolve a integração de sistemas, a tendência é de crescimento entre gigantes do varejo. Para ele, ao cruzar esses dados, as companhias aumentam a produtividade e conseguem lidar com problemas em tempo real:
– Se uma loja está vendendo muito um determinado produto, o sistema já aponta a necessidade de reposição de estoque, alertando a equipe de logística.
A Cielo, que no ano passado registrou 20% de aumento durante o evento, selecionou uma equipe específica para a data. O objetivo, diz Danilo Zimmermann, diretor da empresa, é fazer diagnósticos da operação em tempo real para não prejudicar as vendas:
– A ideia é ser proativo em caso de problemas e entender de onde estão vindo interrupções no sistema.
Rubens Fogli, diretor da Rede, marca de maquininhas do Itaú, aumentou os investimentos neste ano ao montar salas em 20 empresas:
Temos 250 funcionários envolvidos na operação. Somente a sexta-feira responde por 20% do faturamento do mês inteiro.
Atenção na entrega
Neste ano, a Oi montou sua “sala de guerra” pela primeira vez em parceria com a agência Artplan e a VML. A central de comando, na Barra da Tijuca, conta com profissionais monitorando o desempenho das campanhas publicitárias na internet.
– Fizemos mais de 20 comerciais de dez segundos. Aumentamos a veiculação da peça que está gerando mais resultado na hora e direcionamos os anúncios para sites que estão apresentando melhor performance – disse Flávia da Justa, diretora da Oi.
A Samsung, que montou sua sala de operações, monitora o desempenho dos usuários para fazer mudanças nas campanhas de publicidade em tempo real. Daniel Couri, diretor de Vendas da empresa, lembra que durante a Black Friday as vendas têm alta de até quatro vezes em relação a um período normal. Segundo ele, como há grande concentração de vendas por um período muito curto, é necessária a criação de uma operação diferenciada:
– A sala reúne pessoas de todas as áreas porque cada segundo é crítico. E 80% do resultado das vendas vêm do planejamento.
A estratégia da Via Varejo, dona das Casas Bahia e Ponto Frio, incluiu o investimento em plataformas integradas com armazenamento de dados na nuvem. Além disso, aumentou o tamanho das equipes, que vão atuar 24 horas durante o evento, em esquema de revezamento. O supermercado SuperPrix conta com uma equipe dedicada a monitorar o fluxo de clientes no site.
– É fundamental garantir que o site tenha 100% de desempenho – disse Cynthia Vale, gerente de Marketing.
Segundo Anderson Benetti, gerente da Senior, empresa de tecnologia especializada em gestão, um dos pontos mais sensíveis é a movimentação de produtos, que tem alta de 70% no período da Black Friday. O executivo diz que 40% das vendas registradas pela empresa, que conta com clientes como Carrefour e Centauro, passam pelos sistemas de logística e transporte:
– O objetivo é que tudo seja entregue aos consumidores com o mesmo prazo e qualidade em relação aos períodos sem sazonalidade.
A VTEX, empresa de tecnologia, montou estrutura especial para ajudar clientes, como Walmart e Whirlpool:
– O acompanhamento permite monitorar erros como uma promoção que oferece frete grátis, mas, quando o cliente chega na fase de pagamento, é cobrado pelo frete e desiste da compra.