Data do Artigo: 01/11/2019 | Link da Notícia: G1 Educação | Escrito por: Luiza Tenente, G1
Professores sugerem que candidatos analisem textos nota mil. Dominar as características da dissertação também pode ajudar a melhorar desempenho.
No próximo domingo, dia 3 de novembro, os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 enfrentarão um dos principais desafios da prova: a redação. Ansiosos, buscam tentar adivinhar o tema da dissertação. No entanto, professores ouvidos pelo G1 garantem: ainda é possível melhorar o desempenho na escrita, mesmo sem prever o que será cobrado no exame.
É claro que nada substitui os estudos e os exercícios realizados durante o ano. Mas o que fazer aos 45 minutos do segundo tempo?
O gênero da redação do Enem é sempre o dissertativo-argumentativo. A menos de uma semana da prova, vale relembrar os principais elementos da estrutura exigida. “Mais do que saber qual tema será cobrado, é essencial dominar a forma de organizar o texto. Precisa saber montar uma introdução, uma argumentação contundente e, principalmente, uma conclusão adequada”, explica Tatiana Nunes, professora de redação do Colégio Mopi (RJ).
Segundo ela, o principal é pensar em uma solução para a situação-problema e detalhá-la. “A partir da proposta, o candidato deve apontar um agente (governo, ONGs, algum setor da sociedade) que a colocará em prática e deixar claro o objetivo da intervenção sugerida”, diz.
Não adianta ser especialista no tema, mas não conseguir estruturar as ideias no formato correto.
Eduardo Valladares, professor de linguagens do Descomplica, recomenda que o candidato observe atentamente os exemplos de redações nota mil em edições anteriores do Enem. Por que tiraram a nota máxima?
“O aluno deve analisar as estratégias usadas nessas dissertações: citações de outros autores, emprego de conectivos, forma de argumentar, proposta de intervenção, vocabulário, referências às demais disciplinas”, diz.
“O tema da redação é uma incógnita, mas sempre esperamos que seja relacionado à atualidade. Por isso, é interessante dar uma olhada nos principais assuntos que mexeram com a sociedade, como meio ambiente e vacinação”, afirma Antunes Rafael dos Santos, professor de redação e diretor do Colégio Oficina (SP).
O objetivo não é tentar adivinhar o que será cobrado no Enem – mas estar bem informado e ter repertório para desenvolver argumentos contundentes. Vídeos e notícias, desde que tenham fontes confiáveis, podem ajudar o candidato a se aprofundar em certos assuntos.
Nas provas do Enem, sempre há um conjunto de textos, gráficos e tabelas de apoio, que trazem dados sobre o tema proposto. “Os alunos acabam desprezando a coletânea, e é um grande erro. Aquele material pode ajudar a elaborar argumentos embasados nos dados”, diz Santos.
É um lembrete importante para quem está ansioso e temeroso de não saber nada sobre o assunto da redação. As provas de anos anteriores estão disponíveis no site do Inep – vale observar como as propostas de texto vêm estruturadas no Enem.
A menos de uma semana da prova, o aluno deve pensar bem se será benéfico escrever mais redações como treino.
“Se ele tiver alguém capacitado para corrigir, pode fazer uns dois ou três textos e ver os pontos em que ainda precisa melhorar”, diz o professor Santos. “Para os que estudam sozinhos, é possível comparar a própria redação a outras que tiraram nota mil em anos anteriores”, diz.
No entanto, como lembra Valladares, receber uma nota ruim em textos corrigidos na última semana pode desestabilizar o candidato. “Não acho que seja momento de treinar nesse sentido. Dá para estudar redação, mas lendo, analisando outras produções textuais, reforçando o repertório cultural”, afirma.
Como o Enem é uma prova longa, especialistas sempre recomendam que o candidato descanse nos dias anteriores ao do exame. Se estiver ansioso, pode aproveitar esse momento de relaxamento para melhorar os conhecimentos gerais: ler, assistir a documentários, curta-metragens ou vídeos, conforme recomenda Valladares.
Chegada a hora da verdade, o candidato deve planejar como organizar seu tempo. Começar pela redação é uma boa estratégia, segundo os professores ouvidos pelo G1, já que o aluno estará mais descansado.
“O estudante deve ler, com calma, a proposta. Depois, fazer uma primeira versão do texto”, diz Rafael. “Em seguida, resolver as questões de múltipla escolha – nelas, inclusive, pode haver alguma informação útil para a redação.”
Mas é importante lembrar: não há uma norma para isso. Cada estudante deve encontrar a melhor forma de se organizar. “Se, nos simulados, deixou sempre a redação por último, e isso deu certo, não há por que mudar a estratégia”, afirma Valladares.