O Brasil tem uma força que mantém a economia em movimento. Mais de 15,5 milhões de micro e pequenos empreendedores são os braços e as mentes responsáveis por fazer os negócios girarem, produzindo riqueza, renda e empregos. Até setembro deste ano, os pequenos criaram 90% das novas vagas de trabalho no país. Esses negócios, que representam 98,5% de todas as empresas do país, também respondem por 44% da massa salarial e geram 27% do PIB nacional. Os números são do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Os dados mostram que os pequenos empreendedores empurraram o país para frente nos momentos recentes de maior oscilação econômica. E evidenciam o quanto eles são motor de recuperação. “Da padaria da esquina às startups, esses empreendedores geram emprego e renda e contribuem para o desenvolvimento de suas comunidades”, analisa o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Com mais de 700 postos espalhados pelo país, o Sebrae atende anualmente mais de 10 milhões de empreendedores. A instituição funciona como um agente de desenvolvimento, que apoia empreendedores em fase inicial e também empresários estabelecidos para que os negócios cresçam de forma saudável e sustentável.
É o caso de Nelly Cardoso, dona de um ateliê de bijuterias de Recife (PE).
“Minha história mudou no dia em que eu botei o pé no Sebrae”, diz a empresária. Após ficar desempregada e tentar recolocação profissional sem sucesso, ela procurou orientação. No dia, estava usando pulseiras que fez para filhas. O consultor notou e quis saber onde ela comprou. Ao saber da resposta, sugeriu que Nelly investisse R$ 50 — dinheiro que a empreendedora tinha — na produção de novas pulseiras.
“Fiz 100 que renderam R$ 700. E nisso já aprendi a negociar com os fornecedores”, conta. Hoje, Nelly tem um ateliê de 45 m², onde trabalha toda a família. Embora a produção seja pequena, ela já exporta e agora está empenhada na nova coleção que deve lançar.
Desde que comecei estou junto do Sebrae, e acho que vou estar para o resto da minha vida. O Sebrae não só me ajudou na educação empresarial, mas a formatar recursos, compreender a empresa como organização, ter foco na gestão, inovar no produto e sempre estar de acordo com pesquisas de mercado para entender a necessidade do consumidor.
Nelly Cardoso
Hora de contratar
Entre os empreendedores que geraram emprego este ano está Douglas Ferro, sócio da startup Zeropay. A plataforma que vende seguros online contratou três funcionários com carteira assinada, além de dois jovens como estágiários. O planejamento para o ano que vem é fazer o time chegar a 22 pessoas. O número, segundo ele, pode parecer ousado, mas está dentro do planejado. A empresa recebe mentoria do Sebrae no Porto Digital, parque tecnológico do Recife (PE).
Para Ferro, é gratificante saber que algumas famílias já dependem do seu negócio.
“É muito bom ver que a gente pode contribuir para movimentar a economia da cidade, do país, pagando salários e benefícios. Nossa grande meta como empresa é fazer o melhor para os nossos funcionários. A gente preza muito pela aquisição de talentos.”
Vencendo na vida
O empreendedorismo dos pequenos negócios também muda realidades sociais. Moradora do Morro do Alemão, no Rio, a microempreendedora individual Cíntia Machado diz que encontrou na gastronomia um meio de vencer a crise e o desemprego. Ela é dona há oito anos do Frango do Chef, que começou com quentinhas e frango assado com “sabor de vovó”.
A convite do Sebrae, este ano, Cíntia foi uma das empreendedoras que participaram do Espaço Favela, no Rock in Rio, área gastronômica criada para valorizar o sabor das comunidades cariocas. Lá, ela serviu o seu bolinho de feijoada.
No Sebrae, aprendi a me posicionar melhor, saber negociar, ter certificação do produto. Hoje em dia, a pessoa quando consome um bolinho sabe que está dentro das normas. Cada ano que passa de parceria, eu me sinto mais segura para subir um degrau. Hoje estou num patamar que me permitiu vender no Rock in Rio.
Cíntia Machado
Negócios formalizados
O Sebrae contribui ainda para a formalização dos negócios, mostrando o caminho das pedras para que empreendedores se regularizem. Ter uma empresa registrada permite que o trabalho de muitos brasileiros saia da margem do mercado e se profissionalize.
São empreendimentos que tiraram milhões de brasileiros da informalidade. Pessoas que partiram em busca da realização de sonhos ou se viram forçados a abrir uma empresa para complementar a renda familiar. Milhões que teriam de se sujeitar à precariedade de negócios informais, sem acesso a benefícios como previdência social, auxílio-maternidade, auxílio-doença e auxílio-aposentadoria.
Carlos Melles, Presidente do Sebrae