O bloqueio sofrido pela Huawei continua esquentando a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Após o veto do Google, Intel e Qualcomm, a gigante chinesa entrou para a lista do governo que a impede de comprar hardwares e softwares de empresas americanas. Mas, segundo o El País, o imbróglio pode não estar perto do fim e o esperado é que haja represálias ao boicote. Vale lembrar que a crise entre a Huawei e os Estados Unidos fez o smart chinês ‘queridinho’ perder usuários em todo o mundo.
Na China, a Huawei é considerada a grande representante do segmento no mercado internacional. Da mesma forma como, nos Estados Unidos, a moeda de ouro é a Apple. O bloqueio desagradou o governo de Xi Jinping, somado ainda às acusações de espionagem por parte da empresa. Por isso, uma questão passou a ser levantada após a repercussão do caso: E se o país asiático resolvesse se vingar usando o iPhone?
A teoria sustentada pelo El País considera dois aspectos de extrema relevância: o que há de chinês no iPhone e o que há de americano no Huawei. Vale lembrar que outras empresas americanas, como Google, Facebook e Amazon já são completamente vetadas na China. Por isso, não seria espantoso se Xi Jinping seguisse pelo mesmo caminho que Donald Trump.
Em sua teoria, o El País concluiu que a Apple sairia perdendo, e muito, caso a China resolvesse retribuir o bloqueio. A fabricação do iPhone seria gravemente afetada, uma vez que, entre seus 200 fornecedores, há diversas empresas chinesas e taiwanesas. A maioria delas têm uma espécie de “dívida histórica” com o governo da China, uma vez que, não só ainda operam no país, como se fortaleceram graças às condições especiais criadas em 1980 por Deng Xiaoping, líder supremo da República Popular da China entre 1978 a 1992.
Segundo o El País, uma dessas empresas é a Sunwoda Electronic, que está na lista de fornecedoras de baterias para iPhone. Outra é a BYD Electronic, que fornece peças para aparelhos de algumas fabricantes, entre elas a Apple. Além destes, o Iphone também conta com fornecedores chineses de receptores, módulos de alto-falante miniaturizados, microfones, metais, peças de contato da bateria, elemento de proteção, circuitos, entre outros.
Já entre as empresas taiwanesas que têm fábricas na China e também fornecem para a Apple estão a TSMC, maior fabricante de semicondutores do mundo e fornecedora dos chips de série A, e Foxconn, que faz a montagem do aparelho. De forma geral, em termos de softwares, o impacto seria menor. Poucos aplicativos chineses são populares nos Estados Unidos. Os mais comuns são o Aliexpress e TikTok, antigo Musical.ly.
Segundo o El País, o impacto que os Estados Unidos sofreria com um bloqueio chinês seria sentido com bastante força. Basta considerar que, em 2018, mais de 15% do faturamento da Apple veio da China.
Por outro lado, a China também perde. Sem os softwares americanos, como o Android, a Huawei e a Honor, uma segunda marca do mesmo fabricante, teriam que reinventar completamente o seu sistema operacional. Isso inclui os aplicativos de uso mais comum, como o buscador do Google, Gmail, Google Maps, YouTube, Google Agenda, Google Drive, Facebook, Instagram, WhatsApp, Facebook Messenger, Netflix, Amazon e Skype e muitos outros.
A Huawei também depende massivamente de fornecedores americanos para obter seus processadores, antenas, memórias, módulos com capacidades de rede, 3G e LTE e até o vidro Gorilla Glass. Mas o impacto pode ser ainda maior caso empresas europeias e japonesas decidam aderir ao boicote, assim como a Infineon Technologies, fabricante alemão de chips.